Pesquisar este blog

segunda-feira, 25 de março de 2013

PESSACH

No anoitecer dessa segunda-feira, 25, terá início a celebração do Pessach. Mas o que é o Pessach? É disso que se trata a postagem de hoje.

Dando seqüência à ordem cronológica das festividades cíclicas judaicas, surge como terceira do ano civil, a Festa de Pessach, que ocorre, geralmente, no mês de abril e corresponde, no calendário judaico, ao período de 15 a 21 do mês de Nissan.

A comemoração da Festa de Pessach tem sua origem nos tempos bíblicos, no período em que José, filho de Jacob, atingiu a posição de governador no Egito, através da sua inteligência e conhecimento sobre a interpretação de sonhos, quando ganhou a confiança do Faraó reinante. Conhecedor do período de fome que se abateria sobre a terra, atingindo, também Canaã, onde morava seu pai, Jacob e seus onze irmãos com as respectivas famílias, conseguiu que todos eles migrassem para o Egito, onde se fez o armazenamento dos víveres durante o período da fartura para prover os sete anos de fome.

Existem controvérsias quanto ao número que compunha a população constituída pelos familiares de José, que, juntos, formavam as doze tribos de Israel. Segundo Goldberg & Rayner (“Os Judeus e o Judaísmo”, 30), havia por volta de cinco a seis mil pessoas, compostas por Jacob e seus 70 descendentes, que se multiplicaram ao longo dos tempos. 

Após a morte de José, subiu ao poder no Egito um Faraó que não apreciava os judeus, bem ao contrário. Considerando que a população judaica havia aumentado demais, baixou um decreto obrigando todas as mães judias a matarem seus filhos do sexo masculino que nascessem dali por diante, pretendendo, assim, diminuir a população judaica.

De acordo com os relatos bíblicos, uma delas desrespeitou o referido decreto, embetumou um pequeno cesto, colocou nele o seu filho recém-nascido e recomendou à sua filha Miriam para largá-lo no rio Nilo, à mercê da correnteza, com a esperança de que alguém pudesse encontrá-lo e salvá-lo (Êxodo, 2), o que veio a acontecer.

A filha do Faraó, a princesa Batya, ao ir banhar-se nas águas do Nilo, ao avistar o pequeno cesto com o recém-nascido, retirou-o da água e decidiu criá-lo. Deu-lhe o nome de Moisés – Moshe – que, segundo alguns autores, significa “tirado das águas” e segundo outros tem relação com o verbo “criar”, “gerar”, que compõe nomes como Tutmoses, Ramsés etc.
Moisés foi criado e educado entre os egípcios.

Já adulto, passando por um determinado local, viu um feitor egípcio chicotear um escravo judeu. Tomando o partido do mais fraco, independente da sua origem racial, não se conteve e investiu contra o agressor, matando-o de um golpe. Os seus companheiros fizeram-no ver a gravidade do seu ato e aconselharam-no a fugir.

Moisés passou algum tempo como líder militar na Etiópia e depois se refugiou nas montanhas, onde passou a ser um simples pastor de ovelhas (Unterman, Alan, “Dicionário Judaico de Lendas e Tradições”, 180).
Consta que certo dia, ao tentar recolher uma ovelha que havia se desgarrado do rebanho na encosta do Monte Sinai, percebeu um arbusto em chamas e quanto mais ardiam os seus galhos, mais vivas ficavam as suas chamas, e, subitamente, uma voz se fez ouvir de dentro delas:
Moshe! Moshe! Eu sou o Senhor, o Deus de Abrahão, Deus de Isaac e Deus de Jacob. Vai de volta à Terra do Egito e tira de lá os teus irmãos que se encontram em cativeiro. Eu te ajudarei e te levarei a uma terra que te mostrarei”.

Deu-lhe uma vara, à qual atribuía poderes especiais. A Bíblia se refere a esse episódio como o da “Sarça ardente”. Consta que Moisés voltou ao Egito e, juntamente com o seu irmão Aarão, procurou o Faraó, pedindo-lhe para libertar os israelitas da escravidão, porém, o Faraó não atendeu ao seu pedido, apesar de expor os poderes especiais da sua vara.Deus, então, que havia prometido acompanhar os passos de Moisés, decidiu castigar o povo egípcio através de “Dez pragas”, procurando, desse modo, sensibilizar o Faraó através do sofrimento do seu povo, porém, nada abalou a sua decisão de continuar mantendo os israelitas como escravos, a fim de conseguir a construção das suas cidades e monumentos. O trabalho dos escravos era árduo e penoso.
Segundo os relatos bíblicos as dez pragas foram acontecendo da forma a seguir:

1ª - DAM (Sangue)
6ª - SCHIN (Úlceras)
2ª - TSFARDEA (Sapos)
7ª - BARAD (Granizo)
3ª - KINIM (Insetos)
8ª - ARBÊ (Gafanhotos)
4ª - ARUV (Feras)
9º - CHOSHECH (Escuridão)
5ª - DÉVER (Peste)
10ª - MAKAT BCHOROT (Morte dos   primogênitos)

Ao longo das nove pragas o Faraó se manteve irredutível. Deus, então, ordenou aos judeus que providenciassem o sacrifício de um cordeiro com a finalidade de assinalar com o seu sangue as portas das suas casas. Dessa forma, o Anjo da Morte, encarregado de põr em prática a décima praga, que se referia à morte de todos os primogênitos egípcios, “passaria por cima”, poupando os primogênitos judeus.
Daí veio o nome Pessach que significa “passar por cima”.
Como o Faraó era um primogênito e tinha um filho primogênito, ambos estavam sob a ameaça da 10ª praga, motivo pelo qual, covardemente, autorizou a saída dos israelitas do Egito.
Como os escravos israelitas tiveram de sair apressadamente, só lhes restou tempo para preparar a massa do pão, mas não puderam deixá-la fermentar. Nas paradas do caminho punham-na a secar ao sol e esse pão foi chamado de “pão ázimo” – matzá
À medida que o tempo foi passando, a alimentação foi escasseando, porém, Deus foi provendo, segundo prometera, enviando diariamente um maná que caía do céu sob a forma de orvalho. Nas sextas-feiras o maná caía em porção dupla – lechem mishnê – a fim de evitar que os israelitas tivessem de trabalhar para recolher o maná no dia de shabat.
Mas, logo após a saída dos israelitas, não durou muito, o Faraó arrependeu-se de ter libertado os escravos e ordenou que os soldados montassem seus cavalos e fossem no seu encalço.
Segundo consta, os israelitas contavam com a proteção divina, daí, quando chegaram ao Mar Vermelho (Iam Suf – mar dos juncos), Moisés usou a sua vara, “ou um vento que fez recuar as águas” e deu ensejo à sua passagem.
Quando a cavalaria egípcia se aproximou, as águas já haviam voltado ao seu nível normal e os egípcios foram tragados.
Provavelmente, há uma boa dose de lenda nessa história. No entanto, o que fica fora de dúvida é o fato que aí começou um Êxodo pelo deserto, que durou quarenta anos, em busca da Terra Prometida por Deus aos israelitas através de Moisés.
Jacob e seus descendentes quando migraram para o Egito estavam constituídos em tribos; no Egito, após a morte de José, tornaram-se escravos; libertados da escravidão, atravessaram o Mar Vermelho e essa libertação assinalou a transição do estado tribal para o nascimento de um povo livre, o que constituiu um grande marco na história do povo judeu. 
Consta que no terceiro mês do Êxodo Deus apareceu novamente a Moisés no Monte Sinai e entregou-lhe as Tábuas da Lei, contendo o Decálogo (ensinamento) que resume os princípios morais e éticos de todas as leis que regulam o mundo até hoje.
Esse foi, na realidade, o maior e o mais importante acontecimento da história do povo judeu e a partir daí uma multidão formada por ex-escravos se transformou em um povo livre com uma religião própria, dando consistência, então, ao Monoteísmo iniciado com Abrahão ao fazer o Pacto da Aliança com Deus (brit milá).
Segundo se tem conhecimento Moisés passou  quarenta dias e quarenta noites naquele local, sem se alimentar, conforme costume (minhag) celestial, à semelhança dos anjos que se abstêm de qualquer alimento.
Estudiosos do assunto afirmam que o Êxodo seguiu pelo deserto de Kadesh (ao sul de Bersheva) e transpôs o rio Jordão (Iarden) na região da Transjordânia, rumo à Terra Prometida.
Moisés conduziu o povo israelita durante todo o Êxodo, no entanto, não entrou na Terra Prometida, pois morreu antes, como aconteceu com o seu irmão Aarão.
O povo israelita entrou na Terra Prometida conduzido por Josué, que sucedeu Moisés. Era filho de Nun.
Pesquisas apontam que Moisés já nasceu circuncidado e impregnado da Presença Divina. Morreu no dia do seu aniversário – 7 de Adar – aos 120 anos de idade e em todo o seu vigor. Ainda com base em dados bibliográficos, foi enterrado por Deus e os anjos, em local desconhecido, no Monte Nebo, para evitar que os israelitas fizessem da sua sepultura um local de peregrinação e os gentios a transformassem num santuário idólatra.
O dia da sua morte é observado com muito respeito pelos que integram as sociedades funerárias judaicas (chevra kadisha). (Unterman, Alan. “Dicionário Judaico de Lendas e Tradições, 180).

GENERALIDADES SOBRE A COMEMORAÇÃO DO PESSACH

A comemoração da Festa de Pessach se inicia pelo SEDER HAGADÁ (Ordem de narração), que se realiza na véspera (érev) do primeiro dia, após o aparecimento da primeira estrela. Na diáspora também há quem realize o segundo seder, na noite do primeiro dia, porém, não é obrigatório. Esse fato tem a ver com as circunstâncias nos primórdios, baseadas nas diferenças entre os calendários lunar e solar.
A comemoração da Festa de Pessach visa seguir o preceito bíblico “...Tu deves contar a teu filho nesse dia...” (Êxodo 13:8), revestindo-a de um caráter familiar, reunindo as gerações, com o objetivo firme de rememorar, preservar e transmitir a história do povo, começando sempre por:
“...éramos escravos do Faraó no Egito, e o Senhor nos libertou com Sua mão poderosa”
                        (Deuteronômio 6:20-21).
Constitui um costume, também, acolher no seder forasteiros, de preferência pobres, solitários e interessados na história judaica, fazendo-o de forma hospitaleira e digna do evento.
Em cada comemoração de Pessach, no aniversário da saída do Egito, os detalhes são recontados aos filhos pelos pais, como se eles mesmos também estivessem presentes à libertação”. (Goldberg & Rayner, “Os Judeus e o Judaísmo”, 31).
De acordo com a Bíblia, Pessach dura sete diasde 15 a 21 do mês de nissanque coincide com a primavera.
 Os dois primeiros e os dois últimos dias são considerados yamim tovim (dias santificados, literalmente, dias bons), enquanto que os dias intermediários são conhecidos por chol hamoed, ou seja, meio feriados, quando se pode executar trabalhos imprescindíveis. Na diáspora, Pessach tem a duração de oito dias, mais uma vez, em função do desencontro entre o calendário judaico e lunar.
Durante os oito dias de Pessach, de conformidade com os preceitos, é proibido comer pão e todo e qualquer alimento que contenha fermento (chametz – literalmente fermentado/azedado).
Toda a casa passa por um processo especial de limpeza e eliminação de todos os resquícios de pão e/ou produtos fermentados (bedikat chametz – busca do fermento), que se procede na noite anterior ao primeiro seder.
Na manhã seguinte à busca, todo o chametz é queimado (biur chametz – queima do fermento).
A arrumação da mesa e os procedimentos do seder se encontram em capítulo específico a seguir.
A refeição do sedershulchan oreich – consta de comidas típicas do evento, feitas à base de matzá e farinha de matzá.


A mesa do Pessach é apresentada com símbolos cheios de significados. A bandeja da páscoa pode conter:



1.Ovo, simboliza a destruição do Templo(Korban HaBait) e das festas de subida ao Templo. 



2.Coxa(do cordeiro)


3.A água salgada, simboliza as águas do Mar Vermelho que foram abertas e as lágrimas dos nossos pais no Egito.


4.As folhas e raízes amargas, nos lembram a vida amarga que nossos pais viviam quando eram escravos do Faraó.



5.Harosset, Representa a morte no trabalho quando fazíamos as construções das cidades para Faraó rei do Egito (mistura de nozes, mel, canela e vinho, etc...). 




6.Os três pães ázimos(não levedados) 








Nenhum comentário:

Postar um comentário